Duda: Dos 15 ao 20

Era madrugada de quinta-feira quando o telefone tocou, Duda estava na sala e já havia tentado ligar para sua mãe várias vezes sem sucesso, seu coração disparou e sem pensar ela atendeu o telefone quase sem ar, porém do outro lado a voz não era de sua mãe e nunca mais seria, daquela noite ela não guardou recordações, tudo que Duda lembra é de seu pai voltando pra casa arrasado e de Beto o tempo todo segurando sua mão. Sua mãe tinha se envolvido em um acidente, como estava alterada por causa da situação não percebeu que estava acima da velocidade permitida naquela via.
O vazio que havia naquela casa, as lembranças estavam por toda a parte e não havia um só dia em que Duda não chorasse e não desejasse poder ouvir de novo o som daquela voz, como um ritual todas as noites ela ficava sentada na sala como se esperasse um telefone ou que sua mãe entrasse pela porta e dissesse que tudo era um sonho e que as coisas ficariam bem.
 Nesse meio tempo Beto não deixou de ligar, de aparecer, de estar ao lado de Duda, respeitava sua dor e seu luto, não fazia perguntas e ficava ao lado dela horas em silêncio, com o tempo Duda foi aprendendo a lidar com a perda, com a ausência, com a saudade, afinal a vida por mais cruel que parecesse continuava andando pra frente.




Dois meses depois ....

Sua relação com seu pai não estava fácil, afinal sua mãe tinha saído de casa transtornada para ir atrás dele e para ambos tudo aquilo era difícil e doloroso demais, naquela casa havia muitas coisas que lembravam sua mãe e recomeçar ali parecia ser impossível, por esse motivo seu pai resolveu aceitar a promoção de seu trabalho e se mudar para Nova York a cidade onde os sonhos se realizam, era assim que seu chefe a descrevia. Talvez fosse bom pra Duda, nova escola, novos amigos, novas oportunidades, mas e Beto como ficaria nessa história, seu melhor amigo, seu confidente como ficaria a amizade deles com tamanha distância, será que sobreviveria em meio a tanta mudança?!
Seu pai esperou Duda voltar da casa de Beto, depois da morte de sua mãe ela costumava sair da escola e passar as tardes com ele e sua família e foi lhe dar a notícia que daqui duas semanas eles mudariam para os Estados Unidos e Duda sem imaginar voltava pra casa um pouco mais contente do que nos outros dias, sem saber que sofreria mais uma perda em sua vida.

  
A história e os nomes apresentados aqui são de origem fictícia, qualquer semelhança é mera coincidência.

( Mayara Evangelista)
 



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